Já imaginou adquirir itens de vestuário e acessórios a partir de materiais incomuns, como pelo de cachorro coletado em tosas, caule de bananeira e algas marinhas? Tudo isso é possível e já vem sendo produzido no Brasil.
A utilização de novas formas de produção para o cenário da moda nacional foi tema do painel “Moda e Produção Sustentável”, realizado nesta sexta-feira, 24, no Congresso Técnico da XVI Feira da Indústria do Pará (FIPA), que contou com a participação de Fernanda Simon, diretora-executiva do Instituto Fashion Revolution e editora de Sustentabilidade da revista Vogue Brasil; Raphael Bergamini, do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI CETIQT) e Priscilla Vieira, proprietária da empresa MLX Uniformes e diretora da FIEPA, com mediação da gerente do Polo de Vestuário do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Pará), Clarisse Chagas.
Raphael Bergamini apresentou as técnicas de uso de fibras derivadas de resíduos têxteis, de celulose, de plantas (como a bananeira), de algas e de resíduos de tosa de pelos cachorro, além de outras matérias-primas, como castanha do Pará que se tornam itens de vestuário, bolsas, chapéus, entre outros. “O que é resíduo pra uns, para nós é matéria-prima”, ressaltou Bergamini.
A economia circular, que atua com processos produtivos que utilizem insumos e matérias-primas reaproveitadas em larga escala, é uma das aliadas para a produção e consumo mais sustentável no mundo da moda e também foi assunto no painel.
Fernanda Simon pontuou a necessidade urgente de mudar a forma de produção e consumo e a implementação da economia circular na prática. “Precisamos repensar a forma que estamos produzindo, consumindo e descartando os itens de moda”.
Com a emergência climática e a aproximação da COP 30, em 2025, no Pará, o cenário é de oportunidade. “Eu acho que nós temos uma grande oportunidade de mostrar que a floresta em pé tem valor, que podemos ir contra esse sistema da moda acelerada. Também é o momento de mostrar o potencial da bioeconomia e dos povos originários”, destacou Simon.
As ações de upcycling, que oferecem um novo propósito aos materiais que iriam para descarte com criatividade e qualidade igual ou superior ao produto original, também contribuem para os novos caminhos e são aplicadas no Estado.
A iniciativa é tema do curso ofertado pelo Polo de Vestuário do SENAI, em Belém. Os alunos desenvolvem habilidades e técnicas de reaproveitamento de materiais têxteis que seriam incinerados com foco no desenvolvimento de produtos como roupas, bolsas, brindes e acessórios.
Clarisse Chagas conta que já vem aplicando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU dentro das turmas dos cursos de capacitação e aperfeiçoamento profissional voltado para o vestuário e a partir deste bate-papo é o momento de pensar de forma prática e perceber que se está seguindo pelo caminho certo.
“A sensação é de trajetória que foi traçada com sucesso e continuar a partir das reflexões que a gente teve aqui e entender que realmente o caminho da sustentabilidade é o caminho certo, é o caminho mais assertivo pra gente ter uma Amazônia verde, uma floresta em pé com a indústria a nosso favor, com a sociedade civil”, concluiu.
A XVI Feira da Indústria do Pará tem a realização da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA); apoio do Governo do Estado, Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e Confederação Nacional das Indústrias (CNI); patrocínio Diamante da Albras, Hydro, Vale e SEBRAE; patrocínio Ouro da Norte Energia, Apex Brasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Huawei e Banpará; patrocínio Bronze da Agropalma, Alcoa, Banco da Amazônia, Cargill, Solar Coca-Cola; apoio cultural da Equatorial Energia; e apoio institucional do Fórum das Entidades Empresariais do Estado do Pará e Natura.